terça-feira, 29 de março de 2011

Pequenos segredos óbvios...

Reparo com a experiência diária no contato com cabeleireiros que existe uma ideia generalista, errada, sobre o uso dos vários volumes de peróxido de hidrogênio.
Não que seja errada, mas ainda amedronta uma grande percentagem de profissionais e pretendo ajudar através desta postagem.
Muitas marcas presentes no mercado, defendem ou alimentam a ideia de não ser usado 40 volumes pela excessiva força e respetiva sensibilização que provocam nos fios de cabelo. Em contrapartida, alegam até com alguma "vaidade" que suas "tintas" têm a capacidade de funcionar bem com volumes mais baixos. Daí que, 20 volumes são apresentados como ideal para clareamento de melanina (cabelo natural) entre 1 e 2 tons e, consequentemente, 30 volumes para clareamentos maiores que 2 tons. Essa a explicação pelo qual o cabeleireiro não deve nem tem que usar os "excessivos" 40 volumes.
Mas vamos pôr a descoberto o processo normal de oxidação de uma coloração (o termo tinta é feio e não muito bem recebido por clientes exigentes, atentas, modernas e instruídas). Lógico que o farei de forma muito simplificada porque o objetivo das minhas postagens, é tornar um tema compreensível e não complicar. Vamos lá... Quando colocamos o produto cor com o oxidante numa cumbuca, estamos misturando entre vários tipos de matéria prima e princípios ativos (pigmentos, anti-oxidantes, estabilizadores, fragâncias, agentes de tratamento, etc...), dois componentes essenciais: a amônia que está dentro do tubo de coloração e o oxigênio que está "preso" dentro do oxidante. Cada um destes componentes têm duas responsabilidades. A amônia, tem primeiramente a tarefa de sensibilizar a cutícula, abrindo-a, criando assim caminho para a entrada dos pigmentos e, como segundo trabalho, libera o oxigênio que está no oxidante para que este possa fazer agora seu trabalho. Por seu lado, o oxigênio tem também duas tarefas: começa por oxidar os pigmentos naturais (melanina) desgastando-os (clareando-os) e, em simultâneo, oxida os pigmentos artificiais, revelando-os.
Então, digamos que o trabalho de sensibilização e o verdadeiro reator para que o oxigênio faça seu trabalho, é a amônia contida num tubo de cor. Assim, quanto maior for a quantidade de amônia, maior é o clareamento conseguido por um mesmo volume de oxidante.
Concluindo, vc deve preocupar-se em escolher colorações com baixo teor de amônia e não anular os 30 ou 40 volumes do seu trabalho!
Pense bem... se vc está perante uma coloração que clareia 1 a 2 tons com peróxido de 20 vol... quando está fazendo um trabalho num cabelo base 5, desejando uma cor final 7, tudo está certo porque a força conjunta de amônia+oxigênio tem a capacidade de clarear a melanina em 2 tons. Mas quando vc está diante de uma base 6 e pretende o mesmo 7, acha que a coloração é inteligente e apenas vai clarear a melanina em 1 tom??... Claro que não!! O clareamento vai ser também de 2 tons chegando a um fundo 8. Como vc está colocando o tom 7, "abafa" o fundo de clareamento atingido 8 e tudo parece estar perfeito. O problema vem na hora do desgaste, com o sol, as lavagens, as escovas, etc... como o fundo de clareamento estava mais claro que o devido, a cor desbota muito mais rápido e fácil.
Além disso, sensibiliza menos um cabelo maiores volumes com menor carga de amônia do que o contrário, ou seja, maior carga de amônia e volumes menores.
Não tenha por isso medo de ter 40 volumes no seu salão. Tenha antes mais medo das cargas de amônia, antes de optar por uma coloração.

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