Reparo com a experiência diária no contato com cabeleireiros que existe uma ideia generalista, errada, sobre o uso dos vários volumes de peróxido de hidrogênio.
Não que seja errada, mas ainda amedronta uma grande percentagem de profissionais e pretendo ajudar através desta postagem.
Muitas marcas presentes no mercado, defendem ou alimentam a ideia de não ser usado 40 volumes pela excessiva força e respetiva sensibilização que provocam nos fios de cabelo. Em contrapartida, alegam até com alguma "vaidade" que suas "tintas" têm a capacidade de funcionar bem com volumes mais baixos. Daí que, 20 volumes são apresentados como ideal para clareamento de melanina (cabelo natural) entre 1 e 2 tons e, consequentemente, 30 volumes para clareamentos maiores que 2 tons. Essa a explicação pelo qual o cabeleireiro não deve nem tem que usar os "excessivos" 40 volumes.
Mas vamos pôr a descoberto o processo normal de oxidação de uma coloração (o termo tinta é feio e não muito bem recebido por clientes exigentes, atentas, modernas e instruídas). Lógico que o farei de forma muito simplificada porque o objetivo das minhas postagens, é tornar um tema compreensível e não complicar. Vamos lá... Quando colocamos o produto cor com o oxidante numa cumbuca, estamos misturando entre vários tipos de matéria prima e princípios ativos (pigmentos, anti-oxidantes, estabilizadores, fragâncias, agentes de tratamento, etc...), dois componentes essenciais: a amônia que está dentro do tubo de coloração e o oxigênio que está "preso" dentro do oxidante. Cada um destes componentes têm duas responsabilidades. A amônia, tem primeiramente a tarefa de sensibilizar a cutícula, abrindo-a, criando assim caminho para a entrada dos pigmentos e, como segundo trabalho, libera o oxigênio que está no oxidante para que este possa fazer agora seu trabalho. Por seu lado, o oxigênio tem também duas tarefas: começa por oxidar os pigmentos naturais (melanina) desgastando-os (clareando-os) e, em simultâneo, oxida os pigmentos artificiais, revelando-os.
Então, digamos que o trabalho de sensibilização e o verdadeiro reator para que o oxigênio faça seu trabalho, é a amônia contida num tubo de cor. Assim, quanto maior for a quantidade de amônia, maior é o clareamento conseguido por um mesmo volume de oxidante.
Concluindo, vc deve preocupar-se em escolher colorações com baixo teor de amônia e não anular os 30 ou 40 volumes do seu trabalho!
Pense bem... se vc está perante uma coloração que clareia 1 a 2 tons com peróxido de 20 vol... quando está fazendo um trabalho num cabelo base 5, desejando uma cor final 7, tudo está certo porque a força conjunta de amônia+oxigênio tem a capacidade de clarear a melanina em 2 tons. Mas quando vc está diante de uma base 6 e pretende o mesmo 7, acha que a coloração é inteligente e apenas vai clarear a melanina em 1 tom??... Claro que não!! O clareamento vai ser também de 2 tons chegando a um fundo 8. Como vc está colocando o tom 7, "abafa" o fundo de clareamento atingido 8 e tudo parece estar perfeito. O problema vem na hora do desgaste, com o sol, as lavagens, as escovas, etc... como o fundo de clareamento estava mais claro que o devido, a cor desbota muito mais rápido e fácil.
Além disso, sensibiliza menos um cabelo maiores volumes com menor carga de amônia do que o contrário, ou seja, maior carga de amônia e volumes menores.
Não tenha por isso medo de ter 40 volumes no seu salão. Tenha antes mais medo das cargas de amônia, antes de optar por uma coloração.
Tem como objetivo auxiliar todos os interessados a evoluir na área de colorimetria capilar. Juntos, cresceremos mais e melhor num tema pratico de tanta relevância e procura por parte do público que busca os serviços profissionais de cabeleireiro como fonte de beleza visual. Colabore, se profissionalize!...
Quem sou eu
- nandjo
- De origem portuguesa, técnico internacional da marca FRAMESI à 17 anos, chegou ao Brasil para assumir a responsabilidade educacional e formação técnica da mesma. Experiência profissional na área de cabelos, bem cedo se especializou em colorimetria e para além do seu salão em Portugal e responsável técnico da marca no seu país, ministrou cursos e apresentações com sua didática prática, simplificada e eficaz contando com a ampla experiência adquirida em vários países, através de contato direto com marcas e profissionais de renome mundial, onde se destacam mercados como MILÂO, BARCELONA, LISBOA, BUENOS AIRES e recentemente todo o BRASIL. "A profissão é uma arte e tem que ser valorizada! Profissionalismo é a palavra chave e o sucesso depende sempre da evolução e da paixão que por ela nutrimos. Para isso, é necessário um esforço e um querer muito grande... um investimento que teremos que fazer sempre mais e melhor sem medo de crescer. O cliente consumidor é o nosso maior desafio. É para ele que existimos e é por ele que evoluimos. É ele o responsável pelo nosso sucesso! Mas não o desiluda... atualize-se sempre! Seja também você um profissional seguro e conceituado".
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